terça-feira, 27 de março de 2012

Maratona de filmes: Clube da Luta (Fight Club) - 1999





Direção: David Fincher
Roteiro: Jim Uhls, baseado no livro de Chuck Palahniuk.
Edição: James Haygood
Elenco: Edward Norton, Brad Pitt, Helena Bonham Carter, Jared Leto e Meat Loaf.
Sinopse: Jack (Edward Norton) é um bem sucedido investigador que, apesar de ter o apartamento perfeito e a vida aparentemente ajustada, sofre de insônia e de um incômodo “vazio”, o qual tenta preencher se fazendo de vítima em estranhos grupos de apoio, onde ele conhece Marla (Helena Bonham Carter) outra falsa vítima. Após conhecer o vendedor de sabão Tyler Durden (Brad Pitt) em um vôo, os dois criam clubes de luta clandestinos onde homens liberam seus instintos mais primitivos em lutas com alto grau de violência até os grupos virarem um verdadeiro partido anárquico.

Clube da luta é, sem dúvidas, um filme controverso, com uma mensagem impactante que nos provoca reflexões que vão de cunho mais simples de nosso cotidiano até os mais profundos questionamentos sobre o que rege nossa índole e nossa sociedade, é também um filme perigoso (já que visto superficialmente por alguns pode ser acusado de apologia ao tipo de insurreição vista no filme. No Brasil o filme ficou famoso pelo garoto que assistiu quatro vezes e na quinta entrou armado no cinema fazendo um número considerável de vítimas).



O filme aborda a insatisfação do homem moderno, vivendo constantemente sob padrões impostos pela sociedade e pela publicidade e conseqüentemente frustrado quando percebe que a vida desejada está fora do seu alcance (ou mesmo quando é alcançada nunca será o bastante sendo amparada por mais futilidades paliativas que em nada nos adiciona como ser humano). Não à toa os homens que freqüentam os clubes clandestinos são homens comuns, que chegam trajando seus ternos e gravatas, mas entram não apenas para descarregar sua frustração em socos, e sim uma forma de se recusar a ser este homem comum, chegando a quase ser um ato de liberdade e auto-afirmação contra toda a esta frustração.



Com o roteiro brilhante e sem pontas soltas em mãos, David Fincher conduz com maestria o filme, dando-lhe um tom enérgico (porém sem cair no frenesi confuso) e com um humor estranho e delicioso, sendo apoiado por uma equipe que não fica pra trás, a edição do filme é nada menos que fantástica (a cena que explica como o apartamento do narrador explodiu é um exemplo do quanto à direção e edição deste filme são incríveis).

Mas claro que sem o elenco certo o projeto estaria fadado ao fracasso e Edward Norton e Brad Pitt compõem aqui uma das duplas mais memoráveis do cinema americano, ou na verdade, um dos personagens mais memoráveis. Transmitindo características antagônicas do mesmo homem os dois atores compõem o panorama do homem em conflito: enquanto Norton exibe sua postura acuada, voz sempre em tom de passividade e constante incômodo, Pitt aparece em cena com uma arrogância latente, sempre confiante, mas não menos desequilibrado. Helena Bonham Carter sempre ótima em um dos tipos amalucados que se habituou a fazer (e não é qualquer atriz que consegue fazer frases como “acho que tem um caroço no meu peito” soar hilário e natural).



Independente de polêmicas externas ao filme é uma obra para se ver, rever e refletir.

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