quinta-feira, 22 de março de 2012

A Garota Ideal (Lars and The Real Girl) - 2007

Começando com a maratona de filmes que terei de resenhar (ô sacrifício), vou começar com este modesto e fantástico longa.



Direção: Craig Gillespie
Roteiro: Nancy Oliver
Elenco: Ryan Gosling, Emily Mortimer, Paul Schneider e Patricia Clarkson.
Sinopse: Lars (Gosling) é um rapaz introvertido que mora na garagem do irmão (Schneider) mais velho, tendo sérios problemas para se relacionar com qualquer pessoa, ele causa preocupação na cunhada (Mortimer). Quando chega com a notícia que conseguiu uma namorada Lars anima não apenas a família como toda comunidade local de sua pequena cidade, porém tudo se complica quando se descobre que a namorada de Lars é uma boneca erótica comprada na internet e ele está agindo como se ela fosse uma mulher real.

Uma preciosidade no meio dos filmes independentes “A Garota Ideal” é um filme com grande potencial cômico, e certas situações apresentadas no filme são hilárias como o momento em que você percebe que a cidade acolheu de um modo tão grande o desvio de Lars que Bianca (a boneca) começa a ter uma vida social independente ele. Porém é em seus contornos dramáticos que o filme se diferencia, se tornando um fantástico estudo de seu personagem principal e de sua deficiência social.



Não à toa a doutora interpretada por Patrícia Clarkson cita explica em um determinado ponto do filme: a boneca é a apenas um instrumento intermediário entre Lars e a pessoas ao redor, sendo fundamental para sua comunicação.

Sendo bem conduzido em sua direção sem grandes firulas visuais de forma que o filme foca nos personagens e suas pequenas ações, o filme é povoado de figuras tão bem escritas e delineadas que nos fazem acreditar piamente no absurdo da situação (a cidade toda consentir no absurdo para ajudar Lars em seu transtorno). E claro todos ganham vida através de intérpretes muito competentes, então aqui temos além de coadjuvantes dando show em seus pequenos papéis, uma Patrícia Clarkson em uma pequena e ótima participação como a doutora, Paul Schneider transmitindo todo o incômodo que o irmão mais velho sente ao testemunhar o caçula naquela situação e Emily Mortimer tocante em sua preocupação e proteção com o personagem principal.



Mas o grande nome do projeto sem dúvidas é Ryan Gosling, o ator tem aqui uma daquelas performances antológicas e fascinantes (e sua ausência entre os cinco finalistas do Oscar 2008 é imperdoável). Concebendo Lars como uma figura interessante sem nunca deixar de ser real, desde sua timidez e visível desconforto quando conversa com qualquer pessoa, passando por toda a transformação que Bianca lhe proporciona, Gosling está irreconhecível em uma construção cheia de sutilezas e sua dinâmica (chega a ser hilário citar isso) com Bianca é um dos grandes atrativos do longa (o olhar apaixonado que direciona a “namorada” e maneira com que a maneja dependendo da situação é notável), chegando ao ápice em uma cena que envolve os dois e um lago que desde já é um dos grandes momentos de 2007.



Lars não mereceu a atenção que merecia, mas merece ser recomendando e admirado como a pequena obra prima que é, não é sempre que vemos um longa que consegue ser naturalmente engraçado e tocante, tão quanto instigante e ancorado por uma atuação tão soberba quanto a de Gosling.

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