Direção: David
Fincher
Roteiro: Jim Uhls,
baseado no livro de Chuck Palahniuk.
Edição: James
Haygood
Elenco: Edward
Norton, Brad Pitt, Helena Bonham Carter, Jared Leto e Meat Loaf.
Sinopse: Jack
(Edward Norton) é um bem sucedido investigador que, apesar de ter o apartamento
perfeito e a vida aparentemente ajustada, sofre de insônia e de um incômodo
“vazio”, o qual tenta preencher se fazendo de vítima em estranhos grupos de
apoio, onde ele conhece Marla (Helena Bonham Carter) outra falsa vítima. Após
conhecer o vendedor de sabão Tyler Durden (Brad Pitt) em um vôo, os dois criam
clubes de luta clandestinos onde homens liberam seus instintos mais primitivos
em lutas com alto grau de violência até os grupos virarem um verdadeiro partido
anárquico.
Clube da luta é,
sem dúvidas, um filme controverso, com uma mensagem impactante que nos provoca
reflexões que vão de cunho mais simples de nosso cotidiano até os mais
profundos questionamentos sobre o que rege nossa índole e nossa sociedade, é
também um filme perigoso (já que visto superficialmente por alguns pode ser
acusado de apologia ao tipo de insurreição vista no filme. No Brasil o filme
ficou famoso pelo garoto que assistiu quatro vezes e na quinta entrou armado no
cinema fazendo um número considerável de vítimas).
O filme aborda a
insatisfação do homem moderno, vivendo constantemente sob padrões impostos pela
sociedade e pela publicidade e conseqüentemente frustrado quando percebe que a
vida desejada está fora do seu alcance (ou mesmo quando é alcançada nunca será
o bastante sendo amparada por mais futilidades paliativas que em nada nos
adiciona como ser humano). Não à toa os homens que freqüentam os clubes
clandestinos são homens comuns, que chegam trajando seus ternos e gravatas, mas
entram não apenas para descarregar sua frustração em socos, e sim uma forma de
se recusar a ser este homem comum, chegando a quase ser um ato de liberdade e
auto-afirmação contra toda a esta frustração.
Com o roteiro
brilhante e sem pontas soltas em mãos, David Fincher conduz com maestria o
filme, dando-lhe um tom enérgico (porém sem cair no frenesi confuso) e com um
humor estranho e delicioso, sendo apoiado por uma equipe que não fica pra trás,
a edição do filme é nada menos que fantástica (a cena que explica como o
apartamento do narrador explodiu é um exemplo do quanto à direção e edição
deste filme são incríveis).
Mas claro que
sem o elenco certo o projeto estaria fadado ao fracasso e Edward Norton e Brad
Pitt compõem aqui uma das duplas mais memoráveis do cinema americano, ou na
verdade, um dos personagens mais memoráveis. Transmitindo características
antagônicas do mesmo homem os dois atores compõem o panorama do homem em
conflito: enquanto Norton exibe sua postura acuada, voz sempre em tom de
passividade e constante incômodo, Pitt aparece em cena com uma arrogância
latente, sempre confiante, mas não menos desequilibrado. Helena Bonham Carter
sempre ótima em um dos tipos amalucados que se habituou a fazer (e não é
qualquer atriz que consegue fazer frases como “acho que tem um caroço no meu
peito” soar hilário e natural).
Independente de
polêmicas externas ao filme é uma obra para se ver, rever e refletir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário