Direção: Craig Gillespie
Roteiro: Nancy Oliver
Elenco: Ryan Gosling, Emily Mortimer, Paul Schneider e
Patricia Clarkson.
Sinopse: Lars
(Gosling) é um rapaz introvertido que mora na garagem do irmão (Schneider) mais
velho, tendo sérios problemas para se relacionar com qualquer pessoa, ele causa
preocupação na cunhada (Mortimer). Quando chega com a notícia que conseguiu uma
namorada Lars anima não apenas a família como toda comunidade local de sua
pequena cidade, porém tudo se complica quando se descobre que a namorada de
Lars é uma boneca erótica comprada na internet e ele está agindo como se ela
fosse uma mulher real.
Uma preciosidade
no meio dos filmes independentes “A Garota Ideal” é um filme com grande
potencial cômico, e certas situações apresentadas no filme são hilárias como o
momento em que você percebe que a cidade acolheu de um modo tão grande o desvio
de Lars que Bianca (a boneca) começa a ter uma vida social independente ele. Porém
é em seus contornos dramáticos que o filme se diferencia, se tornando um fantástico
estudo de seu personagem principal e de sua deficiência social.
Não à toa a
doutora interpretada por Patrícia Clarkson cita explica em um determinado ponto
do filme: a boneca é a apenas um instrumento intermediário entre Lars e a
pessoas ao redor, sendo fundamental para sua comunicação.
Sendo bem
conduzido em sua direção sem grandes firulas visuais de forma que o filme foca
nos personagens e suas pequenas ações, o filme é povoado de figuras tão bem
escritas e delineadas que nos fazem acreditar piamente no absurdo da situação (a
cidade toda consentir no absurdo para ajudar Lars em seu transtorno). E claro
todos ganham vida através de intérpretes muito competentes, então aqui temos além
de coadjuvantes dando show em seus pequenos papéis, uma Patrícia Clarkson em
uma pequena e ótima participação como a doutora, Paul Schneider transmitindo
todo o incômodo que o irmão mais velho sente ao testemunhar o caçula naquela
situação e Emily Mortimer tocante em sua preocupação e proteção com o
personagem principal.
Mas o grande
nome do projeto sem dúvidas é Ryan Gosling, o ator tem aqui uma daquelas
performances antológicas e fascinantes (e sua ausência entre os cinco
finalistas do Oscar 2008 é imperdoável). Concebendo Lars como uma figura
interessante sem nunca deixar de ser real, desde sua timidez e visível
desconforto quando conversa com qualquer pessoa, passando por toda a transformação
que Bianca lhe proporciona, Gosling está irreconhecível em uma construção cheia
de sutilezas e sua dinâmica (chega a ser hilário citar isso) com Bianca é um
dos grandes atrativos do longa (o olhar apaixonado que direciona a “namorada” e
maneira com que a maneja dependendo da situação é notável), chegando ao ápice
em uma cena que envolve os dois e um lago que desde já é um dos grandes
momentos de 2007.
Lars não mereceu
a atenção que merecia, mas merece ser recomendando e admirado como a pequena
obra prima que é, não é sempre que vemos um longa que consegue ser naturalmente
engraçado e tocante, tão quanto instigante e ancorado por uma atuação tão soberba
quanto a de Gosling.
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